Tem muito tempo que eu desejava e precisava desse "nada". Então, cá estou eu, vivendo e pensando somente em mim. Descompromissada com qualquer outra coisa que não seja eu mesma.Quando eu me propus a ficar afastada, acreditava que seria algo parecido com o que se costuma ver em filmes, onde a personagem parte em uma viagem interior, procurando se reencontrar ou solucionar problemas existenciais ou apenas se conhecer melhor
Geralmente há uma prestação de contas com o passado, às vezes planejamentos futuros, muitas lágrimas rolam, muitas lembranças e mágoas afloram. Comigo não se deu nada disso, nada foi como eu havia imaginado. Não houve um confronto, houve apenas um período de, digamos, de gentileza para comigo mesma. Não me cobrei de nada, não senti culpas, arrependimentos, simplesmente tomei a consciência que sou apenas um ser humano, bem factível, por sinal e esta certeza me trouxe uma leveza, uma fluidez. Tão bom! Nunca pensei que poderia me sentir assim.
Não precisei fazer nenhum esforço para apagar da cabeça a vida que deixei para trás, realmente, para mim, nada existia a não ser o momento em que estava vivendo e vivendo se você quiser pensar assim, egoisticamente. É verdade, senti algumas saudades, óbvio, mas também tive a certeza de que poderia dar conta sozinha de minha própria vida, como muito antigamente eu fazia.
Acostumada que estou a dias corridos, recheados de afazeres, acreditei, erroneamente que o tédio se instalaria, que o tempo não passaria, que os minutos se transformariam em dias. Mas nada disso aconteceu." Viver leve" não entedia, porque seus sentidos estão mais aguçados, sua percepção do mundo ao redor, muda. Você, vê, escuta, sente tudo de maneira mais intensa.
A minha essência continua a mesma, as minhas dores passadas também não saíram voando nas asas de um pássaro. Não voltei limpa, purificada ou qualquer coisa do gênero . Até porque seria ingenuidade a crença que poderia mudar minha vida, o que sou, penso, sonho ou faço em apenas uma semana. Talvez eu obtivesse o tal resultado se tivesse mais tempo, se o mergulho fosse mais profundo. Mas não deu, não quis. Queria tão somente um hiato de paz, um distanciamento de problemas, um não ouvir vozes que me irritam, um não enxergar pessoas com as quais não simpatizo.
Confesso, maldosamente até que não ter que me encontrar com a minha vizinha de porta foi um alívio imenso. Saber que eu podia entrar ou sair sem que a porta ao lado batesse na minha cara com o estrondo de uma bomba, foi maravilhoso. E o melhor deste fato, foi não tentar entender o motivo dessa atitude tresloucada, pois na verdade nunca houve nada que levasse a isso, até porque, embora eu conheça alguns dos moradores e me dê bem com todos, nunca estive na casa de ninguém, vivo no meu casulo, não tenho amizades, tenho pessoas com as quais mantenho relações cordiais e de respeito, mas não de intimidade. Eu realmente já estava fatigada de aguentar a neurose alheia.
Voltei devagarinho, desarrumei toda a bagagem com calma. com a mesma calma com que vivenciava meus dias lá onde eu estava. Ainda estou no ritmo, no embalo das leveza.
Sei que certamente, aos poucos tudo voltará a ser como era antes, mas agora já sei: cansei? enjoei?
Arrumo minhas malinhas e bye, bye. Dou um merecido descanso para minha cabeça.
Aconselho: faça isso de vez em quando. Não precisa ser um processo tão intenso como "Comer, amar e rezar", mas alguns dias apenas em sua companhia já ajudam a aliviar as tensões.Nas figurinhas abaixo você terá a noção de como vivi, afinal, como diz a semiótica, imagem também se lê.
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CHEGUEI ASSIM! |
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PASSEI MEUS DIAS ASSIM
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