UM POUQUINHO DE CIVILIDADE, POR FAVOR.
Sim, um pouquinho só, daquele tipo em que você cumprimenta seu vizinho no elevador, comenta sobre o tempo, sobre a necessidade de arrumar o portão da garagem. Coisinhas pequenas, banais, tão simples!
Moro num condomínio e não conheço um apartamento. não visito ninguém, mantenho minha privacidade. Alguns moradores é que me procuram, às vezes para atender seus cachorrinhos ou porque eles mesmos não estão bem. E só.
Mas tenho uma relação de cordialidade com todos, afinal, não sou uma eremita.
Mas por infelicidade, minha vizinha de porta, nada conhece de boas maneiras. Ela e o marido são jovens e bonitos e logo que nos mudamos para cá, em algumas raras ocasiões nós conversávamos enquanto levávamos nossos cachorros para passear no jardim do prédio.
De repente, sem essa mais aquela, a criatura passou a não mais me cumprimentar. Virava a cara e eu ficava com meu bom dia solto no ar. Não entendi nada, mas como não quero mesmo intimidades com ninguém, relevei.
Pouco depois, a sujeita, a cada vez que nos encontrávamos entrando ou saindo de nossos apartamentos, batia a porta na minha cara, de tal forma e com tal virulência que eu ficava com receio do prédio desmoronar.
Aí então comecei a perder a paciência, afinal já tenho uma certa idade e a cada "portada" era um susto, porém nunca falei nada, não reclamei, Enfim, tenho coisas bem mais importantes para me preocupar. Ocorre que ela começou a repetir essa delicadeza também quando eu estava recebendo ou me despedindo de uma visita..
Nessas alturas eu já estava pronta a lhe enfrentar, a lhe dizer um monte de impropérios. Ficava fula da vida e constrangida e mais ainda perplexa, porque nunca houve nada entre nos duas que levasse a esse comportamento.
Pensei, repensei, até que achei que se conversasse com o marido dela resolveria e assim fiz. Certa noite, me arrumei bem, calcei sapatos com salto (sim meninas, se voces forem enfrentar alguém nunca estejam desalinhadas, com cara de coitadinhas).
Ele veio até meu apartamento, sentou e eu me acomodei muito elegantemente no sofá, com postura de mulher fina, pernas levemente cruzadas, mãos sobre o colo, coluna reta e soltei o verbo.
Falei em tom baixo, calmo, educado. Na verdade passei-lhe um carão com muita sofisticação, mesmo quando lhe disse que na próxima vez em que sua mulher batesse a porta na minha cara eu é que bateria com a minha mão na cara dela. Fiz essa ameaçazinha de forma tão suave, tão displicente, nem parecia que eu cometeria uma agressão.
Mas caramba, sou humana, minha paciência também tem limites. Fazer grosserias comigo, tudo bem, a gente tem que encontrar de tudo nesse mundo, mas me colocar em situação de constrangimento em frente de outras pessoas, aí meus caros, já é demais. Fui tão compreensiva que após o "recado", me ofereci a dar umas aulas de etiqueta para ela.
Nos despedimos muito civilizadamente, com ele me prometendo que aqueles fatos não aconteceriam mai e realmente, desde então a porta ao lado se fecha como se fosse de espuma.
Eu ainda não tive a chance de cruzar com ela, quando por acaso ela me vê, sempre dá um jeito de disfarçar e esperar eu entrar no prédio. mas o meu marido já ganhou a deferência de uns "boas noites, bons dias".
Estão vendo meus amigos, mesmo ameaçando dar-lhe um tabefe na cara, o fiz com tanta classe que nem pareceu um gesto agressivo. Fui finíssima, quase delicada! Quase!
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