Era pequena quando o mundo um dia acordou com um barulho ensurdecedor tomando conta das praças, das ruas, entrando pelas janelas e portas das casas. Foi um espanto, um Deus nos acuda, onde já se viu, mulheres, sim, mulheres gritando a plenos pulmões, exigindo seus direitos e principalmente, tirando e queimando seus sutiãs, assim, despudoradas, botando os sagrados seios para fora, para que todos os vissem e soubessem que não, eles não são mamadeiras coladas nos corpos.
Eu era criança mas não era boba, sabia que alguma coisa estava acontecendo e era algo que nós crianças, não devíamos tomar conhecimento, afinal, as revistas traziam centenas de mulheres desnudas, não em poses de Playboy, mas posição de guerra. Guerra aos homens, luta pela liberdade feminina, que chegava junto com o movimento hippie, com a Guerra do Vietnã, com o amor livre que agora podia sim ser livre, pois descobriram a pílula e a mulher podia dar sem engravidar.
Não, não pensem que o movimento ganhou aplausos e tudo mudou de uma hora para outra.
Depois dos primeiros impactos, a bravata continuou, mais silenciosa, mais insidiosa. As fêmeas foram se infiltrando por todos os cantos, contabilizando ganhos (ainda não é uma megasena acumulada, mas tudo bem, já dá para ser dona de seu nariz sem precisar de um macho provedor).
Não vou me ater aqui a esse caminho que nós percorremos desde a década de 1960, só afirmo que não foi fácil. Meninas de hoje, nos agradeçam, se ajoelhem e nos reverenciem. Se não fosse por um bando de mulheres corajosas voces ainda estariam na idade das trevas.
Já vi de tudo com relação à tão propalada evolução feminina. Conseguimos muitas coisas, sem bem que, em alguns segmentos ainda não nos equiparamos aos homens. É provado que nossos salários são sempre menores que os deles. Por que, pergunto eu? Não temos as mesmas capacidades, as mesmas competências? Sim, temos e para minha surpresa, descobri agora que as mulheres passaram a desempenhar uma nova atividade: a de assaltantes.
Não que elas não cometiam crimes ou delitos dos mais diversos, mas sem dúvida, a população carcerária era predominantemente masculina. A mulher muitas vezes era coadjuvante, era mula, parceira de um amor bandido. Algumas perpetravam crimes bárbaros, sim, chegavam ao ponto de matar os pais ou esquartejar o marido. Mas eram fatos isolados, tão inusitados que viravam livros.
Mas agora fui surpreendida por assaltos à residências, feitos na maior cara dura, à luz do dia, por mulheres, mocinhas até, que escalam paredes, entram nas casas com a família dentro, roubam, chegam ao cúmulo de fazerem cocô, sim caro leitor, você leu direito, na calçada, saem pela porta da frente, montam em sua bicicleta cor de rosa (POODDEEE???) e vão embora não sem antes cumprimentar o morador que volta tranquilamente da padaria.
Não, meus amigos, não se trata de um caso isolado e também não aconteceu numa grande cidade. A prática, que está se disseminando muito rapidamente, acontece aqui no ainda pacato bairro da Vila real, em Balneário Camboriú. Agora vamos combinar, nossas ladras são charmosas Penélopes, que pilotam bicicletas e motos pintadas de rosa. Muito femininas, elas! Porém não se enganem, elas são perigosas, sim. Na falta de um revólver se utilizam de outra arma, se não mortal porém nojenta: o cocô.
Definitivamente meus amigos, tenho certeza que não foi para isso que queimamos sutiãs. Queremos igualdade, direitos, respeito, mas virar bandidas???
Por favor, caras colegas, desse jeito toda a luta feminista vai por água abaixo, pelo ralo, junto com o cocô que voces deixaram.
A vida está difícil? Falta dinheiro? A taxa de desemprego está aumentando? Mas isso não justifica seus atos. Sempre há alguém precisando de uma faxineira, de uma babá. Eu mesmo preciso de alguém que me ajude, não como escrava, mas como parceira. Só por favor, não me venha montada numa bicicleta cor de rosa, porque daí chamo a polícia imediatamente e você vai ver o sol nascer quadrado.A violência não leva a nada, ou melhor, leva sim, é bem provável que alguma vítima meta-lhe um tirambaço, pois na hora do desespero ninguém vai tomar ciência que você é mulher. Bandido é bandido, não importa o gênero. E tem mais, muitas coisas mudaram, porém a cabeça de alguns homens continua a mesma de 50 anos atrás. Para alguns, infelizmente, ainda cabe à mulher o cuidado dos filhos e se você for pega pela "dona justa", quem vai cuidar de seus filhos? Seu parceiro? Pode esquecer, eles não irão sequer visitar voces na cadeia.
Mulheres, pensem nisso, igualdade de direitos é uma coisa, ser bandida, é outra bem diferente.
Por via das dúvidas vou ficar mais atenta à bicicletas cor de rosa. Sabe-se lá quem a está pedalando!
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