Mais uma vez vou me apropriar , ou melhor, me inspirar num texto de minha amiga "íntima", Danuza.
Diz ela que "não desejar é a morte em vida". Concordo.
Óbvio que nem tudo o que desejamos, alcançamos, mas de certa forma, a vida só é vida porque estamos sempre desejando algo, sobretudo e fundamentalmente, desejamos a vida eterna. Desejo totalmente impossível, vamos cair na real e nos contentar com o que podemos ter e nos conformar com o que não podemos. Bem menos complicado levar a vida com essa constatação.
Eu, assim como todo mundo, tenho os meus desejos, os meus sonhos, as minhas metas. Muito do que quis ficou apenas no querer, porém não posso reclamar, de certa forma consegui muito do que almejei.
Dentre todos os desejos, o maior, pelo menos enquanto eu era jovem, era conhecer Paris. Consegui, e o que é melhor, aliei meu sonho a outro sonho: o de viver um grande amor na cidade dos amores.
A única coisa que não levei em consideração é que Paris também pode ser a cidade do desamor. Para mim foi.Então concluo que sonhei ou vivi pela metade.
Digo a voces: jamais, jamais mesmo vão a Paris quando estiverem com o coração dilacerado por uma dor de amor. É preferível curar-se dessa doença chamada de abandono ou rejeição enfrentando um bom tanque cheio de roupas para lavar, aguentar o calor de um ferro enquanto você passa as roupas que lavou junto com a água da torneira e suas lágrimas. Melhor ainda, faxine, faxine muito, de manhã à noite fique grudada na vassoura, no aspirador, no esfregão. Você verá que o trabalho é o melhor remédio: o tempo passa, você pode se dar ao luxo de não tomar nem um comprimidinho para dormir porque seu corpo estará tão exausto que é bem capaz de você adormecer enquanto escova o tapete.
Além do que, você manterá a forma e quando menos perceber, além de ter superado o sofrimento, ainda estará em forma e nem precisou gastar em academia. Sem saber você economizou para gastar em Paris, quando então você ir, já loira, linda, japonesa e magra. Sim magra, pois enquanto se esfalfa em esfregar o chão com suas lágrimas, nem pensará em comer, mania muito comum de quem está na 'fossa",( essa foi de matar, mais antiga impossível).
Bom, voltando a Paris, se este for o seu sonho dourado, só vá quando os seus olhos estiverem secos, quando o coração estiver cicatrizado. Não pense que a cidade luz vai servir de medicação ou mesmo de psicoterapia. Paris existe para pessoas felizes, sozinhas ou acompanhadas, mas de bem com a vida.
Eu fiz a bobagem suprema de viajar para lá me sentindo pior do que sola de sapato de mendigo furada em dia de chuva.
Tudo bem, é verdade que gritei de emoção quando vi a Torre Eiffel toda iluminada, mas confesso, tinha medo de atravessar uma das tantas e tão românticas pontes que cortam o Sena. Corria o risco de me jogar de uma delas. Ainda se caísse dentro de um bateau mouche, vá lá, mas no Sena praticamente congelado? Se não morresse afogada, ficaria no mínimo dura igual um picolé. Seria muito mico para pagar num país tão cheio de glamour.
Não, não foi uma boa experiência e discordo totalmente de quem diz que vale mais a pena sofrer em Paris do que na beira de um tanque aqui no Brasil.
Portanto, caros amigos, esse desejo não foi realizado a contento, mas não pensem que desisti dele.
Vou voltar, com certeza, só que agora como de fato sempre quis: viver Paris com um grande amor, o maior da minha vida, que por sinal vai muito bem, obrigada.
Posso não me hospedar no George V ou no Ritz (aliás, não foi de lá que Diana saiu para morrer no túnel d'Alma?) Credo em cruz! já vou ficar bem contente com um hotelzinho ali pelas bandas de Saint Germain, desde que tenha pelo menos uma pia e um vaso sanitário no quarto.
E não quero ir no inverno, até porque meu marido odeia frio. E como a temperatura estará agradável, nada me impedirá de viver um milagre. Poderei sair lá pela meia noite, entrar em um carro e encontrar com todos os artistas que fizeram de Paris uma festa no início do século passado. Seria pedir demais????
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