Fiquei afastada das folias do Rei Momo por dois motivos. Hoje só falarei de um. Jurei que não comentaria nada, mas minha língua é maior que a boca, ou melhor, meus pensamentos determinam incondicionalmente minha vontade. Sou prisioneira, escrava de uma senhora chamada SAUDADE. Alguém conhece? Já a viu? Já sentiu a força de seu poder? Eu já, e confesso, muitas vezes dou-lhe razão.Sim, razões ela tem de sobra para machucar nossos corações, e eu não tenho vergonha de dizer que a cada carnaval mais tenho vontade de voltar ao passado, sim porque saudade se tem do que passou, não do que é presente ou o que virá no futuro.
Juro, tento me adaptar ao hoje, mas sinto uma nostalgia tão grande quando relembro dos meus antigos carnavais, quando passava o verão bordando fantasias, quando ficávamos rodando por um salão ao som de música de verdade, jogando confetes e serpentinas, espalhando (e dando uma cheirandinha sim) lança perfume no ar. Sim, praticávamos umas pequenas contravenções, não, não éramos santos, mas tão pouco éramos esse bando de malucos que acha que para cair na folia é preciso confundir alegria com histeria. Sou uma voz dissonante, solitária em meio ao som eletrônico que agora enche as casas noturnas, ou o rock que enche as areias da minha praia.
Carnaval mesmo, só aquele feito prá turista ver no Rio de Janeiro e ainda assim me espanta que os desfiles são pródigos em mulheres nuas, que passam o ano todo malhando feito loucas em academias para terem seus minutos de fama passageira, que comem batata e claras de ovos (pode acreditar, é verdade!) para ficarem com as bundas duras e não balançarem ao som dos tamborins.
Nego-me a ver "pererecas" cobertas com três centímetros de alguma coisa que nem tecido é. Penso que deve ser tinta, purpurina e deve tampar o quê? O ponto G?.
Nós, as mulheres somos chamadas muito erradamente de "cachorras". Creia-me, acabei de ver esse título numa postagem do meu face, com uma foto mais que explícita, que faria a alegria de qualquer ginecologista . Sinceramente, dava para ver até o útero e nem precisava de espéculo. Um conselho às autoridades de saúde deste país: em vez de só distribuírem camisinhas, aproveitem e já façam o preventivo.
Ah! sou uma saudosista, sou antiga, passada. Sou com orgulho! Onde está minha colombina, meu pierrôt , minha melindrosa? No baú de um passado que está fechado para sempre. "Pererecas" e peitos expostos não preciso vê-los na avenida, basta me olhar no espelho.
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