segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

SE EU NÃO POSSO, EU FAÇO DO MEU JEITO!

 "TÊM DIAS QUE QUE A GENTE SE SENTE, COMO QUEM PARTIU OU MORREU,
A GENTE ESTANCOU DE REPENTE O FOI O. MUNDO ENTÃO QUE CRESCEU
A GENTE QUER VOZ ATIVA, EM NOSSO DESTINO MANDAR,
MAS EIS QUE CHEGA RODA-VIVA E CARREGA O DESTINO PRÁ LÁ".
                                                                                   Roda Viva
                                                                                                    Chico Buarque


Alguém conhece? Música linda! Se não conhece, baixe agora, vale a pena.
E pense sobre sua vida, pense o quanto você se acha dono dela. Dono uma ova, mas com um pouquinho de boa vontade, podemos ser locatários e mexer ou fazer uma reforma básica pelo menos.
Eu tenho todos os motivos para ficar estancada, parada feito poste. Não era assim que eu queria viver, não era isso que eu sonhei para mim. E há momentos em que realmente desejo entregar os pontos, sinto-me morta, ou pelo menos, desmaiada. Permito-me a entrega ao desânimo, ao "dolce far niente" da incapacidade. Tão mais fácil! Sentar e ver a vida passar.
Mas pouco a pouco a roda gira, me carrega lá para cima e quando estou lá, ponho-me a gritar, feito uma louca, porque o mundo não parou junto comigo. Tudo se movimenta, bem ou mal, com uma ou duas pernas, com ou sem olhos, a vida segue e só fica parado quem não quer mandar o destino para aquele lugar, você sabe onde.

Minha voz ainda é ativa, eu ainda posso determinar algumas coisas. Tudo bem, meu corpo foi alugado, mas posso fazer com que ele pareça de fato ser meu. É meu lar, portanto, não importa que as paredes apresentem algumas rachaduras, sempre há um bom e competente pedreiro que pode dar um jeito de consertar para mantê-la segura e confortável.
Quis o destino (terá sido mesmo ele?) que eu hospedasse Mr. Parkinson. Pensei que que ele ocuparia somente um cômodo, mas o cara é folgado, praticamente tenta se adonar de minha casa. Tudo bem, ele até pode se acomodar numa perna, num braço, mas meu querido hóspede, pode parar  por aí! Não vou permitir que você me invada assim tão facilmente. É uma luta diária. Há dias em que ele vence, em outros, eu ganho.
Ontem estava determinada a usar uma sandália de salto, bem alto, quase da altura de um prédio de Dubai. Sabia que haveria riscos, mas os ignorei solenemente e me senti linda e poderosa, ainda que tivesse que caminhar com mais cuidado, mais devagar, apoiada no braço de meu marido.
Sou teimosa, marrenta. Curvo mas não me quebro.
E ademais, é inevitável, a roda da vida gira sem parar, quer dizer, só para mesmo quando se morre.
E se é para se andar numa roda, que seja gigante, linda como a de Londres. Por vezes posso estar lá embaixo, pertinho do chão, mas a danada sobe e se tiver sorte, dá uma paradinha bem lá em cima, de onde posso ver tudo, até o castelo da rainha e o rio Tâmisa, limpinho, limpinho!
  

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